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Craniofaringeoma

Existe atualmente duas filosofias distintas no manejo do craniofaringeoma: tentativa de ressecção tumoral total ou planejamento de ressecção parcial seguida de radioterapia. Em nossa experiência sempre planejamos a ressecção microcirúrgica total da lesão, porém, nos casos em que existem aderência do tumor as artérias perfurantes do cérebro ou as paredes do hipotálamo, optamos por realizar remoção quase total do tumor e complementar o tratamento com radiocirurgia. Com essa conduta a sobrevida do paciente a longo prazo e sem qualquer tipo de sequela tem sido a regra.

Historicamente são relatadas a possibilidade de muitas complicações na cirurgia dos craniofaringeoma, principalmente quando se tentava ressecar lesões aderidas as artérias e tecidos cerebrais, causando sua lesão.  Lesão hipotalâmica, por exemplo, pode ser uma complicação cirúrgica devastadora, que afeta sensivelmente os aspectos neuropsicológicos de um paciente que geralmente se apresenta previamente à cirurgia com déficits neurológicos mínimos e alterações endocrinológicas. A ressecção tumoral total está associada a taxas de morbidade (excluindo-se alterações endocrinológicas) e mortalidade de 20 e 12%, respectivamente.  Vinte por cento dos tumores recidivam, embora esse número esteja diminuindo com a radiocirurgia pós-operatória. 

Os craniofaringeomas podem ser abordados por via transesfenoidal endoscópica (tumores pequenos), subfrontal, pterional, transcalosa. Petrosectomia pode ser indicada para aqueles tumores ditos retroquiasmáticos, visando preservação dos vasos hipotalâmicos. Diabete insípido permanente é uma complicação não rara, necessitando de terapia de reposição hormonal de dois ou mais hormônios em muitos dos casos. Devido a possibilidade de complicações, muitos autores, como enfatizamos anteriormente,  recomendam ressecção subtotal com o objetivo de confirmar a histologia e descomprimir as vias ópticas, seguida de radiocirurgia. A recuperação visual após a cirurgia é a regra e com experiência da equipe postulamos que a ressecção total com cura tumoral deva ser tentada em todos os casos, mas com o máximo cuidado. Outras modalidades terapêuticas incluem aspiração intermitente por extereotaxia do conteúdo cístico tumoral ou por reservatório de Omaya e injeção intracística de bleomicina . A sobrevida em 10 anos chega a 90% dos casos.